Por Claudia Regina Gabriele, Especialista em Direito Tributário e Nacionalização de Empresas
A Nissan Motor Corporation México está se tornando uma referência em sustentabilidade na América Latina, com iniciativas que vão desde a utilização de energias renováveis até a compra de créditos de carbono como estratégia de compensação fiscal. O caso da montadora japonesa ilustra como a economia circular e a descarbonização podem ser aliadas da competitividade industrial e do cumprimento de metas ESG.
Energia limpa como insumo estratégico
Desde 2011, a Nissan utiliza biogás proveniente de resíduos sólidos urbanos em sua fábrica de Aguascalientes, sendo pioneira no México e na Aliança Renault-Nissan. Posteriormente, incorporou energia eólica e, mais recentemente, energia nuclear, que hoje responde por 3% da produção da usina de Laguna Verde.
Além disso, a empresa investiu em um parque fotovoltaico para suprir 100% da iluminação de seu pátio logístico, com planos de expandir para 20 MW até 2030. Essas medidas já permitiram a produção de 3,2 milhões de veículos com energia renovável, evitando a emissão de milhares de toneladas de CO₂.
Economia circular e eficiência energética
A Nissan adota práticas de reúso de água (chegando a operar até seis meses apenas com água da chuva) e reciclagem de materiais, além de automação industrial para reduzir desperdícios. Sua planta em Aguascalientes 2 é uma das cinco do grupo com menor consumo hídrico por unidade produzida, além de possuir efluente zero.
Outro destaque é a incorporação de materiais reciclados nos veículos, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens sem comprometer a qualidade. A empresa também incentiva fornecedores e concessionárias a adotarem processos mais limpos, como a instalação de painéis solares.
Créditos de carbono como incentivo fiscal
Um dos movimentos mais estratégicos da Nissan foi a compra de créditos de carbono para compensar as emissões de sua nova sede na Cidade do México, tornando-a o primeiro edifício carbono neutro da empresa no país. Esse contrato com o governo de Aguascalientes estabelece um precedente importante para outras indústrias e demonstra como a compensação fiscal via créditos de carbono pode ser uma ferramenta eficaz na política ambiental corporativa.
Além disso, a empresa mantém uma reserva ecológica de 22.500 hectares e projetos de reflorestamento, reforçando seu compromisso com a neutralidade de carbono até 2050.
Lições para o Brasil
O case da Nissan no México mostra que:
✅ Energias renováveis reduzem custos operacionais e melhoram a competitividade.
✅ Economia circular diminui a dependência de recursos naturais e gera eficiência.
✅ Créditos de carbono podem ser um mecanismo inteligente de compensação fiscal e ambiental.
No Brasil, onde a nacionalização de empresas e os incentivos verdes estão em discussão, esse modelo serve de inspiração para políticas públicas e estratégias corporativas alinhadas à descarbonização e à sustentabilidade industrial.
E você, acredita que o Brasil pode avançar em modelos semelhantes? Como sua empresa está se preparando para essa transição?